segunda-feira, dezembro 26, 2011

Open Eyes




Demo de uma música do próximo
álbum, dos já aclamados the xx.
segunda-feira, dezembro 26, 2011

Doadores de Electrões - Precisam-se


 Porque os autores do blog nem sempre conseguem disponibilizar tempo para colocar electrões e neutrões no Memórias de um Átomo, e porque se quer mais cabeças com novas ideias para o blog, está-se a recrutar membros para ingressarem na equipa e assim tornar o blog mais dinâmico.

 Desta forma:
 - Se tens entre 0 e muitos anos;
 - Se souberes colocar coisas num blog, ou vontade de as colocar;


 Podes ser acrescentado à equipa, e começar a colocar todo o género de conteúdo que se achar adequado*.

 *Sobre "conteúdo que se achar adequado":
 - Material informativo/noticioso de interesse geral;
 - Imagens/texto/vídeos;
 - "Pessoalidades" que se ajustem;
 - E basicamente todo o tipo de coisas;


O que vos pode pôr a pensar, "mmmmm, que óptimo sítio para eu pôr pornografia". Não é impossível entrar pornografia e coisas do género no Memórias de um Átomo, desde que se adeqúe a todo o espírito do blog.

Assim, se o quiseres é só enviar um e-mail para    horse_sea_j@hotmail.com    (como dá pra ver, não somos nada selectos no nome dos mails - estejam à vontade), ou deixem um comentário nesta mensagem.

Obrigado,
Memórias de um Átomo


segunda-feira, novembro 14, 2011

4.3

...são os milhões de dólares que equivalem à fotografia mais cara alguma vez vendida. Chama-se "Rhein II", do artista alemão Andreas Gursky. A foto representa o Rio Reno, e o nome da foto vem directamente do nome alemão deste. Apreciem:


(quanto é que cada pixel deve valer?)
domingo, novembro 13, 2011

Look up. Look up.

 Num dos maiores clássicos da sétima arte, "O Grande Ditador", Chaplin apresenta-nos um dos discursos mais tocantes alguma vez feito, na irónica pele de um ditador. Aqui fica uma montagem bastante bem conseguida:



"Hope... I'm sorry but I don't want to be an Emperor - that's not my business - I don't want to rule or conquer anyone. I should like to help everyone if possible, Jew, gentile, black man, white. We all want to help one another, human beings are like that.
We all want to live by each other's happiness, not by each other's misery. We don't want to hate and despise one another. In this world there is room for everyone and the earth is rich and can provide for everyone.
The way of life can be free and beautiful.
But we have lost the way.
Greed has poisoned men's souls - has barricaded the world with hate; has goose-stepped us into misery and bloodshed.
We have developed speed but we have shut ourselves in: machinery that gives abundance has left us in want. Our knowledge has made us cynical, our cleverness hard and unkind. We think too much and feel too little: More than machinery we need humanity; More than cleverness we need kindness and gentleness. Without these qualities, life will be violent and all will be lost.
The misery that is now upon us is but the passing of greed, the bitterness of men who fear the way of human progress: the hate of men will pass and dictators die and the power they took from the people, will return to the people and so long as men die [now] liberty will never perish...The aeroplane and the radio have brought us closer together. The very nature of these inventions cries out for the goodness in men, cries out for universal brotherhood for the unity of us all. Even now my voice is reaching millions throughout the world, millions of despairing men, women and little children, victims of a system that makes men torture and imprison innocent people. To those who can hear me I say "Do not despair".
Soldiers - don't give yourselves to brutes, men who despise you and enslave you - who regiment your lives, tell you what to do, what to think and what to feel, who drill you, diet you, treat you as cattle, as cannon fodder.
Don't give yourselves to these unnatural men, machine men, with machine minds and machine hearts. You are not machines. You are not cattle. You are men. You have the love of humanity in your hearts. You don't hate - only the unloved hate. Only the unloved and the unnatural. Soldiers - don't fight for slavery, fight for liberty.
In the seventeenth chapter of Saint Luke it is written " the kingdom of God is within man " - not one man, nor a group of men - but in all men - in you, the people.
You the people have the power, the power to create machines, the power to create happiness. You the people have the power to make life free and beautiful, to make this life a wonderful adventure. Then in the name of democracy let's use that power - let us all unite. Let us fight for a new world, a decent world that will give men a chance to work, that will give you the future and old age and security. By the promise of these things, brutes have risen to power, but they lie. They do not fulfil their promise, they never will. Dictators free themselves but they enslave the people. Now let us fight to fulfil that promise. Let us fight to free the world, to do away with national barriers, do away with greed, with hate and intolerance. Let us fight for a world of reason, a world where science and progress will lead to all men's happiness.
Soldiers - in the name of democracy, let us all unite!
Look up! Look up! The clouds are lifting - the sun is breaking through. We are coming out of the darkness into the light. We are coming into a new world. A kind new world where men will rise above their hate and brutality.
The soul of man has been given wings - and at last he is beginning to fly. He is flying into the rainbow - into the light of hope - into the future, that glorious future that belongs to you, to me and to all of us. Look up. Look up."
sábado, outubro 29, 2011

Nancy Sinatra Gangster


 ...foi assim que se auto intitulou  Elizabeth Grant(1986, Nova York), ou no seu nome de artista: Lana Del Rey. Sendo este último nome uma combinação de duas actrizes dos primórdios de Hollywood, Lana Turner e Ford Del Rey.

 Julgada por ter sido criada por números de visualizações no Youtube, e por inúmeros mistérios que vão desde o seu álbum que passou ao lado de muita gente, mesmo enquanto os seus vídeos eram vistos em unidades de milhão, até à sua aparência física, que faz acreditar que na metamorfose de Elizabeth (Lizzy) para Lana, algum botox tenha ido na direcção dos lábios da artista, para tornar-los mais exuberantes.

 De qualquer dos modos o seu "Video Games"(em baixo) já tem mais de três milhões de visitas e o seu primeiro concerto em Inglaterra(Novembro) esgotou em meio minuto.

 Aqui fica o primeiro single da também intitulada "Frankenstein do Indie" :




terça-feira, setembro 13, 2011

O Futuro Presente

 Em 1910 o artista francês Villemard fez uma série de ilustrações, numa tentativa de prever como seria o futuro no ano 2000. Esteve lá perto...




















sexta-feira, setembro 09, 2011
terça-feira, agosto 16, 2011

O Argumento Indutivo Por Analogia

"(...) Outro problema dos argumentos por analogia é que é possível obter analogias completamente diferentes a partir de diferentes pontos de vista.

 Três estudantes de engenharia estão a debater que tipo de Deus terá concebido o corpo humano. Diz o primeiro:
 - Deus deve ser um engenheiro mecânico. Reparem em todas as articulações.
 - Eu acho que Deus deve ser um engenheiro electrotécnico. O sistema nervoso tem milhares de ligações eléctricas - defende o segundo.
 - Na verdade, Deus é um engenheiro civil. Quem mais passaria um tubo de desperdícios tóxicos através de uma área recreativa? - diz o terceiro.


 . Em última análise, os argumentos por analogia não são muito satisfatórios. Não proporcionam o tipo de certeza que gostaríamos de ter quando estão em causa crenças básicas como a existência de Deus. Não há nada pior do que a má analogia de um filósofo excepto, talvez, a de um aluno do secundário. Testemunho disso é o concurso «As Piores Analogias Jamais Escritas num Trabalho de Ensino Secundário» patrocinado pelo Washington Post:
 - «Há muito separados por um destino cruel, os apaixonados predestinados à infelicidade correram um para o outro pelo campo coberto de erva como dois comboios de mercadorias, um deles partindo de Cleveland às 18h36m, à velocidade de 88 km/h e o outro de Topeka às 19h47m, a uma velocidade de 56km/h.»
 - «John e Mary não se conheciam. Eram como dois colibris que também não se conheciam.»
 - «O barquinho deslizou suavemente pelo lago exactamente como uma bola de bowling não deslizaria.»
 - « Ouviu-se um uivo fantasmagórico vindo do sótão. A situação era arrepiante e surrealista e o Jeopardy dá às 19 horas e não às 19h30m.» "

 in "Platão e um Ornitorrinco entram num bar" por Thomas Cathcart & Daniel Klein
 aconselho vivamente o livro. Uma forma humorística como nunca li de abordar diversos assuntos filosóficos.
 E ainda o segundo livro do género dos autores, citado anteriormente.
terça-feira, agosto 09, 2011

L'étranger - 1942



The Cure - Killing an Arab


Por mero acaso, hoje ouvi a música (até então desconhecida para mim) Killing an Arab dos The Cure, e depressa a associei ao mais famoso romance de Albert Camus...


L'étranger (O Estrangeiro) é um romance que reflecte o absurdo da existência, segundo a perspectiva de Camus.
Na Argélia, o protagonista Meursault é um homem imune ao remorso e ao sentimento. Tem algo como "amizade" com o vizinho proxeneta, uma vez que o ajuda a ver-se livre de uma das suas amantes árabes. Contudo, tempo mais tarde envolvem-se em lutas com o irmão da tal mulher junto ao mar e, mais tarde, ao voltar à praia, Meursault reencontra o árabe e, inebriado por um delírio de calor, mata-o. Segue-se o julgamento de Meursault, condicionado pela sua atitude de indeferença...


A obra de Albert Camus (1913 - 1960), nobel de Literatura, tem imponente cariz filosófico, especialmente o Absurdo. Aconselha-se.
quinta-feira, agosto 04, 2011

Engenharias

Nagasáqui em 1945, depois da bomba atómica.




Nagasáqui em 2011, depois do terramoto.



 De que raio é feito o arco?!
terça-feira, julho 26, 2011

Sobre Efeito

Aqui ficam 9 desenhos feitos por um artista durante um estudo norte-americano nos finais dos anos 50 sobre o efeito de drogas, neste caso o famoso LSD. O tema do desenho era o médico que estava a realizar o estudo.

Primeiro desenho, 20 minutos após a primeira dose:
Artista-"Aparentemente normal. Nenhum efeito notório da droga"

 Segundo desenho, 85 minutos depois da primeira dose e 20 minutos depois da segunda, o artista parece eufórico:
 "Eu consigo ver-te claramente, tão claramente. Isto...tu...é tudo... Estou a ter alguns problemas a controlar este lápis. Parece que quer continuar."

Terceiro desenho, 2 horas e 30 minutos depois da primeira dose, o paciente parece bastante empenhado no desenho:
"Os contornos parecem normais, mas mais vivos - está tudo a mudar de cor. A minha mão tem de seguir os traços das linhas. Eu sinto como se a minha consciência estivesse situada na parte do meu corpo que está activa - minha mão, meu cotovelo...minha língua"

Quarto desenho 2 horas e 32 minutos depois da primeira dose, o paciente parece estar dominado pelo bloco de papel:
 "Estou a tentar outro desenho. Os conornos do modelo são normais, mas os que estou a desenhar não estão. O traço da minha mão também está a ficar esquisito. Não é lá grande desenho, pois não? Desisto - Vou tentar de novo"

Quinto desenho, 2 horas 35 minutos depois da primeira dose, o paciente começa rapidamente a fazer outro desenho:
"Vou fazer o desenho de uma vez...sem parar...uma linha, sem quebras!"

Após terminar o paciente começa a rir-se, depois assusta-se com qualquer coisa no chão.

 Sexto desenho, 2 horas 45 minutos depois da primeira dose, o paciente torna-se agitado - responde lentamente à sugestão de que talvez pudesse gostar de desenhar mais alguma coisa. Torna-se bastante "não verbal":
 "Eu estou... tudo está... mudado... eles estão a chamar... tua cara... entrelaçados... quem é..."
  O paciente murmura coisas inaudíveis soa como "Obrigado pela memória"

Sétimo desenho, 4 horas 25 minutos depois da primeira dose, o paciente deita-se durante duas horas, o seu retorno para os desenhos é deliberado, mudando de lápis para caneta e aguarelas:
"Este vai ser o melhor desenho, como o primeiro, mas melhor. Se eu não for cuidadoso vou perder o controlo dos movimentos, mas não vou, porque eu sei. Eu sei" Esta última frase é repetida várias vezes.

 O paciente faz os últimos riscos enquanto corre pela sala.

Oitavo desenho, 5 horas e 45 minutos depois da primeira dose, o paciente continua a mover-se pela sala, parece estar a ficar mais lúcido:
"Eu consigo sentir os joelho de novo, acho que está a acalmar. Este desenho é bastante bom - este lápis é um pouco difícil de segurar" - Está a segurar um lápis de carvão.

Nono desenho, 8 horas após a primeira dose, o paciente senta-se. Diz que já está quase sóbrio, exepto os rostos que parece continuarem um pouco distorcidos. Pede-se um último desenho, ao qual ele concede sem grande entusiasmo:
"Não tenho nada a dizer sobre este último desenho, é mau e desinteressante, quero ir para casa agora."
sábado, julho 23, 2011
segunda-feira, julho 18, 2011

Publicidade

 Ninguém percebe que raio de publicidade é esta até se tornar óbvio. Muito bom:
domingo, julho 03, 2011

Escala Pentatónica

Usando a escala pentatónica que, aparentemente, todos nós adquirimos de uma maneira natural através da aprendizagem, Bobby McFerrin, cantor Nova Iorquino conhecido mundialmente pelo verso "Don't worry be happy", cria um pequeno número musical com a participação da audiência.

terça-feira, junho 28, 2011

Manifesto Anti-Dantas


Passo a palavra ao meu colega Almada Negreiros,na voz de Mário Viegas...




Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!
O Dantas é um cigano!
O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
O Dantas é um habilidoso!
O Dantas veste-se mal!
O Dantas usa ceroulas de malha!
O Dantas especula e inocula os concubinos!
O Dantas é Dantas!
O Dantas é Júlio!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d'Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!
E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu!
O Dantas é um ciganão!
Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Dantas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Dantas é um soneto dele-próprio!
O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Dantas nu é horroroso!
O Dantas cheira mal da boca!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas é o escárnio da consciência!
Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!
O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Dantas é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do Dantas!
E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
Vocês não sabem quem é a soror Mariana do Dantas? Eu vou-lhes contar:
A princípio, por cartazes, entrevistas e outras preparações com as quais nada temos que ver, pensei tratar-se de soror Mariana Alcoforado a pseudo autora daquelas cartas francesas que dois ilustres senhores desta terra não descansaram enquanto não estragaram pra português, quando subiu o pano também não fui capaz de distinguir porque era noite muito escura e só depois de meio acto é que descobri que era de madrugada porque o bispo de Beja disse que tinha estado à espera do nascer do Sol!
A Mariana vem descendo uma escada estreitíssima mas não vem só, traz também o Chamilly que eu não cheguei a ver, ouvindo apenas uma voz muito conhecida aqui na Brasileira do Chiado. Pouco depois o bispo de Beja é que me disse que ele trazia calções vermelhos.
A Mariana e o Chamilly estão sozinhos em cena, e às escuras, dando a entender perfeitamente que fizeram indecências no quarto. Depois o Chamilly, completamente satisfeito, despede-se e salta pela janela com grande mágoa da freira lacrimosa. E ainda hoje os turistas têm ocasião de observar as grades arrombadas da janela do quinto andar do Convento da Conceição de Beja na Rua do Touro, por onde se diz que fugiu o célebre capitão de cavalos em Paris e dentista em Lisboa.
A Mariana que é histérica começa a chorar desatinadamente nos braços da sua confidente e excelente pau de cabeleira soror Inês.
Vêm descendo pla dita estreitíssima escada, várias Marianas, todas iguais e de candeias acesas, menos uma que usa óculos e bengala e ainda toda curvada prá frente o que quer dizer que é abadessa.
E seria até uma excelente personificação das bruxas de Goya se quando falasse não tivesse aquela voz tão fresca e maviosa da Tia Felicidade da vizinha do lado. E reparando nos dois vultos interroga espaçadamente com cadência, austeridade e imensa falta de corda... Quem está aí?... E de candeias apagadas?
- Foi o vento, dizem as pobres inocentes varadas de terror... E a abadessa que só é velha nos óculos, na bengala e em andar curvada prá frente manda tocar a sineta que é um dó d'alma o ouvi-la assim tão debilitada. Vão todas pró coro, mas eis que, de repente, batem no portão sem se anunciar nem limpar-se da poeira, sobe a escada e entra plo salão um bispo de Beja que quando era novo fez brejeirices com a menina do chocolate.
Agora completamente emendado revela à abadessa que sabe por cartas que há homens que vão às mulheres do convento e que ainda há pouco vira um de cavalos a saltar pla janela. A abadessa diz que efectivamente já há tempos que vinha dando pela falta de galinhas e tão inocentinha, coitada, que naqueles oitenta anos ainda não teve tempo pra descobrir a razão da humanidade estar dividida em homens e mulheres. Depois de sérios embaraços do bispo é que ela deu com o atrevimento e mandou chamar as duas freiras de há pouco com as candeias apagadas. Nesta altura esta peça policial toma uma pedaço d'interesse porque o bispo ora parece um polícia de investigação disfarçado em bispo, ora um bispo com a falta de delicadeza de um polícia d'investigação, e tão perspicaz que descobre em menos de meio minuto o que o público já está farto de saber - que a Mariana dormiu com o Noel. O pior é que a Mariana foi à serra com as indiscrições do bispo e desata a berrar, a berrar como quem se estava marimbando pra tudo aquilo. Esteve mesmo muito perto de se estrear com um par de murros na coroa do bispo no que se mostrou de um atrevimento, de uma insolência e de uma decisão refilona que excedeu todas as expectativas.
Ouve-se uma corneta tocar uma marcha de clarins e Mariana sentindo nas patas dos cavalos toda a alma do seu preferido foi qual pardalito engaiolado a correr até às grades da janela gritar desalmadamente plo seu Noel. Grita, assobia e rodopia e pia e rasga-se e magoa-se e cai de costas com um acidente, do que já previamente tinha avisado o público e o pano cai e o espectador também cai da paciência abaixo e desata numa destas pateadas tão enormes e tão monumentais que todos os jornais de Lisboa no dia seguinte foram unânimes naquele êxito teatral do Dantas.
A única consolação que os espectadores decentes tiveram foi a certeza de que aquilo não era a soror Mariana Alcoforado mas sim uma merdariana-aldantascufurado que tinha cheliques e exageros sexuais.
Continue o senhor Dantas a escrever assim que há-de ganhar muito com o Alcufurado e há-de ver que ainda apanha uma estátua de prata por um ourives do Porto, e uma exposição das maquetes pró seu monumento erecto por subscrição nacional do "Século" a favor dos feridos da guerra, e a Praça de Camões mudada em Praça Dr. Júlio Dantas, e com festas da cidade plos aniversários, e sabonetes em conta "Júlio Dantas" e pasta Dantas prós dentes, e graxa Dantas prás botas e Niveína Dantas, e comprimidos Dantas, e autoclismos Dantas e Dantas, Dantas, Dantas, Dantas... E limonadas Dantas- Magnésia.
E fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é o Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.
E fique sabendo o Dantas que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.
Mas julgais que nisto se resume literatura portuguesa? Não Mil vezes não!
Temos, além disto o Chianca que já fez rimas prá Aljubarrota que deixou de ser a derrota dos Castelhanos pra ser a derrota do Chianca.
E as pinoquices de Vasco Mendonça Alves passadas no tempo da avózinha! E as infelicidades de Ramada Curto! E o talento insólito de Urbano Rodrigues! E as gaitadas do Brun! E as traduções só pra homem do ilustríssimos excelentíssimo senhor Mello Barreto! E o frei Matta Nunes Moxo! E a Inês Sifilítica do Faustino! E as imbecelidades do Sousa Costa! E mais pedantices do Dantas! E Alberto Sousa, o Dantas do desenho! E os jornalistas do Século e da Capital e do Notícias e do Paiz e do Dia e da Nação e da República e da Lucta e de todos, todos os jornais! E os actores de todos os teatros! E todos os pintores das Belas-Artes e todos os artistas de Portugal que eu não gosto. E os da Águia do Porto e os palermas de Coimbra! E a estupidez do Oldemiro César e o Dr. José de Figueiredo Amante do Museu e ah oh os Sousa Pinto hu hi e os burros de cacilhas e os menos do Alfredo Guisado! E (o) raquítico Albino Forjaz de Sampaio, crítico da Lucta a quem Fialho com imensa piada intrujou de que tinha talento! E todos os que são políticos e artistas! E as exposições anuais das Belas-Arte(s)! E todas as maquetas do Marquês de Pombal! E as de Camões em Paris; e os Vaz, os Estrela, os Lacerda, os Lucena, os Rosa, os Costa, os Almeida, os Camacho, os Cunha, os Carneiro, os Barros, os Silva, os Gomes, os velhos, os idiotas, os arranjistas, os impotentes, os celerados, os vendidos, os imbecis, os párias, os ascetas, os Lopes, os Peixotos, os Motta, os Godinho, os Teixeira, os Câmara, os diabo que os leve, os Constantino, os Tertuliano, os Grave, os Mântua, os Bahia, os Mendonça, os Brazão, os Matos, os Alves, os Albuquerques, os Sousas e todos os Dantas que houver por aí!!!!!!!!!
E as convicções urgentes do homem Cristo Pai e as convicções catitas do homem Cristo Filho!...
E os concertos do Blanch! E as estátuas ao leme, ao Eça e ao despertar e a tudo! E tudo o que seja arte em Portugal! E tudo! Tudo por causa do Dantas!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!
segunda-feira, junho 27, 2011
quinta-feira, junho 23, 2011

Só te Falta Seres Mulher

Artista: B Fachada
Álbum: B Fachada
Música:Só te Falta Seres Mulher



Se vamos juntos passear
O olhar faz parecer vão o que eu disser
Se te provoco com o que à noite te fiz, sorris
Já só te falta seres mulher.
Dou-te um abraço e vai-se o embaraço
E em pouco espaço vou dar-te aquilo que eu quiser.
E eu quero tanto
Qual não foi o meu espanto
Pelo teu encanto
Só te falta seres mulher.
Faça eu o que fizer não vou fazer de ti uma mulher.
Eu posso até querer entregar-me
Lançar-me a ver aquilo que vier
Mas eu gostar da tua masculinidade é maldade,
A merda é só não seres mulher.
É que tu tens o charme para poderes virar-me
Sabes conquistar-me
Dás-me a lascívia de talher como dizer-te então
Tens escrito "homem" no coração
E infelizmente querido
Eu, perdão, só me apaixono por mulher
Faça eu o que fizer não vou fazer de ti uma mulher.

fotografia original de: Rita Carmo
terça-feira, junho 21, 2011

Dormir

James Mollison é um fotógrafo Australiano a quem pediram que pensasse numa campanha pelos direitos das crianças. James, ex-director da National Gallery of Australia, acabou por se ver a pensar no quarto da sua infância. Assim surge uma colectânea de fotografias armazenadas no livro "Where Children Sleep" onde constam 112 fotografias.
Aqui fica uma amostra:























quarta-feira, junho 15, 2011

Fungos Assassinos Comem Cérebros de Formigas

BBC no seu melhor:
quarta-feira, junho 15, 2011

Invenções

Algumas invenções bastante originais.















A minha preferida: